quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Delírio


Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem! ? num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
Mais abaixo, meu bem! ? disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…


- Olavo Bilac -


Emílio de Menezes escreveu para o epitáfio de Olavo Bilac:

"Bilac esta cova encerra.
Choram sacros e profanos...
Muitos anos coma a terra,
a quem comeu tantos ânus!".

2 comentários:

  1. Este texto do Bilac, eu conheço, maravilhoso! Mas o Epitáfio, é bem sui generis, adorei!

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  2. O epitáfio é maravilhoso! De uma criatividade ímpar.
    Ri deveras, caro amigo.

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