quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Luxúria



     Olhos semicerrados,
     Olhei para ti minha concubina
     vermelha, ofegante sobre mim.

     Com olhos semicerrados
     meu sangue, minha vida
     despejo na tua ocre taça esplêndida.

     Sou teu lado animal,
     sou tua carne espiritual.
     Sou o sacrificado imortal
     da tua sede sem igual.

     Todos os prazeres animais
     são carícias a ti, que se enverga
     em êxtase e extática suspira.
     Mas quem se entrega sou eu!
     (e quem expira sou eu...)

     Na tua sagrada taça abominável
     nem uma gota só deixas escapar
     e eu morro de deleite e me deleito
     na minha morte, no teu leito.

- Eduardo Pinheiro de Souza - 1996

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