terça-feira, 8 de fevereiro de 2011



Não lavei os seios
pois tinham o calor
da tua mão.


Não lavei as mãos

pois tinham os sons
do teu corpo.


Não lavei o corpo

pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.


Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.


Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:
donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.



- Soares Feitosa - Colaboração: Bete M. 

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